MÚSICAS INESQUECÍVEIS

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O ASSASSINATO DE DANIELLA PEREZ

Tatiana Constant/AE
Daniella Perez foi morta num matagal no Rio, aos 22 anos, a três dias do réveillon de 1992, pelo ator Guilherme de Pádua, que contracenava com ela na novela da Globo De Corpo e Alma, e pela mulher dele, Paula Thomaz, 19 anos, que estava grávida de quatro meses. Casada com o ator Raul Gazolla, Daniella Perez recebeu 18 golpes de tesoura e teve quatro perfurações no pescoço, oito no peito e mais seis que atingiram pulmões e outras regiões.
O casal criminoso tinha tatuado, em seus órgãos genitais, os nomes um do outro, o que fez supor a existência de um pacto de fidelidade entre Paula e Guilherme. Guilherme foi um dos primeiros a comparecer ao funeral de Daniella para consolar Raul e a mãe da vítima, a escritora Glória Perez, mas tanto ele quanto a esposa logo foram presos e, um ano depois, já estavam separados.
Na tarde do dia 28 de dezembro, Daniella e Guilherme gravaram a cena do fim do romance de Yasmin e Bira, logo após a cena, o ator teve uma crise de choro e procurou inquieto por Daniella por diversas vezes no camarim, o que foi presenciado por camareiras do estúdio. Segundo as camareiras ele entregou a Daniella dois bilhetes mas a jovem se recusou a dizer do que se tratavam, apenas aparentou grande nervosismo.
No fim da tarde, Guilherme deixou o estúdio Tycoon na Barra da Tijuca onde a novela era gravada, foi até seu apartamento na Avenida Atlântica em Copacabana e buscou sua mulher Paula Thomaz , grávida de 4 meses. Munidos de um lençol e um travesseiro, o casal deixou o prédio novamente em direção aos estúdios Tycoon, onde Daniella continuava gravando. Ao chegar ao local, Paula ficou esperando no estacionamento deitada no banco de trás do Santana de Guilherme, coberta com um lençol enquanto o ator retornou ao estúdio.

Por volta de 21 horas, Daniella acabou de gravar suas cenas e deixou os estúdios se dirigindo ao estacionamento na companhia de Guilherme. No estacionamento tiraram fotos com fãs, após as fotos e depois de uma conversa, a atriz saiu do estúdio dirigindo seu Escort, logo após Guilherme saiu atrás dirigindo seu Santana. Minutos depois, Daniella parou no posto Alvorada localizado na Avenida Alvorada para abastecer. Na saída do posto, seu carro foi fechado pelo Santana de Guilherme que a esperava no acostamento. Após a fechada, os dois descem de seus respectivos carros e Guilherme defere um soco no rosto da atriz que cai desacordada, soco esse que foi presenciado por dois frentistas do posto. Guilherme então coloca a atriz desacordada no banco de trás de seu Santana, que passa então a ser dirigido por Paula. Guilherme toma a direção do Escort de Daniella e ambos os carros saem do Posto em direção à Avenida das Américas. Da Avenida das Américas, os carros entram na Rua Cândido Portinari, uma rua deserta da Barra da Tijuca, e param em um terreno baldio.
No terreno baldio, Guilherme e Paula começam a apunhalar Daniella dentro do carro, depois transportam o corpo da atriz para o matagal onde continuam as estocadas, não se sabe qual foi a arma do crime (tesoura, faca ou punhal). A perícia comprovou que Daniella Perez foi morta com 18 estocadas que atingiram o pulmão, o coração e o pescoço da atriz. O advogado Hugo da Silveira passava pelo local do crime, achou estranho dois carros parados em um local ermo, e pensando se tratar de um assalto, anotou as placas e pode ver que um casal estava no Santana, podendo ver também uma mulher de rosto redondo que concluiu se tratar de Paula Thomaz, posteriormente reconhecida pela testemunha. Hugo após chegar em casa chamou a polícia.

Paula Thomaz e Guilherme de Pádua foram presos e julgados por homicídio duplamente qualificado, ou seja, por motivo torpe e sem reação da vítima. Paula foi condenada a 18 anos e meio de prisão, e Guilherme, a 19 anos.


Na sentença, o juiz descreve o ex-ator como uma pessoa de "personalidade violenta, perversa e covarde” que colocou "acima de qualquer valor, a sua ambição pessoal".

Logo depois da prisão, o casal se separou.

Condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato da atriz Daniella Perez, sua colega de elenco na novela “De Corpo e Alma” (TV Globo, 1992), Guilherme cumpriu um terço da pena, foi libertado há quase 12 anos ( 1999).
Paula Thomaz  retomou sua vida após deixar a prisão, em 1998, quando ganhou o direito de cumprir a pena de quinze anos em regime semi-aberto. Conseguiu o benefício alegando bom comportamento. Foi agraciada com indulto e teve a pena totalmente extinta em 2002 porque tinha menos de 21 anos na data da condenação e por ser mãe de um filho menor de 12 anos. A criança  nasceu na carceragem da Polinter, no Rio de Janeiro, onde Paula ficou presa. No total, ela ficou seis anos na cadeia.

Depois da morte de Daniela, a mãe, Glória Perez, iniciou um movimento nacional que mudou a lei e fez com que o homicídio qualificado fosse incluído na lista de crimes hediondos, o que restringe os benefícios do condenado.
CURIOSIDADE:
Guilherme de Pádua protagonizou, na cadeia, escândalos e tumultos. A ponto de ter sido transferido da 16a DP, para que se restabelecesse a ordem na delegacia, depois das denúncias de um companheiro de cela, que o acusou de participação na tentativa de fuga empreendida pelos presos e, inclusive, de ameaça-lo de morte.

Esse último episódio aconteceu quando um dos presos teve de ser levado a um hospital público: segundo Guilherme de Pádua, teve um ataque de asma. Segundo Wellington, seu companheiro de cela, foi desacordado por uma gravata aplicada por Guilherme, que ensinava golpes aos outros presos, para que os utilizassem na fuga contra os policiais. O preso foi levado para o hospital e -como se pode ler no noticiário anexo-, verificou-se que o depoimento de Wellington era verdadeiro.
Jornal do Brasil 22/07/93
O companheiro de cela do ator, Wellington Gomes da Silva Júnior, de 19 anos, contou ontem em depoimento à polícia que o assassino confesso da atriz Daniela Perez foi um dos mentores do plano frustrado. Segundo ele, Guilherme também ajudou a serrar a tranca da sua cela.

Denúncia _ No depoimento, o companheiro de cela do ator denunciou que o preso Cláudio Benedito da Silva, levado ao Hospital Lourenço Jorge, na Barra, supostamente com crise asmática na madrugada de domingo retrasado, dia 11, na verdade recebera uma gravata de Guilherme. O assassino ensinava aos presos golpes para usarem contra os policiais na hora da fuga.

Ainda de acordo com Wellington, Guilherme ´´servia de mulher“ para alguns presos e ´´instigava seus companheiros dançando e rebolando de sunguinha“. Ele ´´comprava proteção e silêncio distribuindo medicamentos e roupas“, disse o preso.

O delegado Antônio Nonato, da 16ª DP, colocou Wellington sozinho numa cela após depor. Nonato disse que os outros presos ouvidos negaram o depoimento de Wellington. Policiais acreditam, no entanto, que Wellington tenha contado a verdade e temem por sua vida se for transferido.

´Mulher` _ Wellington disse que o ator ´´servia de mulher´´ para Sérgio Caxias, gerente do ponto de drogas da Vila Operária, em Duque de Caxias; José Amaro, gerente do tráfico da Rocinha; Luís Cláudio e Cláudio Benedito.

O preso contou ainda que os companheiros colocaram ´´remédio moído“ na sua comida para deixá-lo sonolento e poderem agir sem o seu testemunho. ´´Guilherme me ameaçava dizendo que Paulo Ramalho iria acabar comigo“, disse.

Jornal do Brasil, 23/07/ 93
Segundo o preso, na madrugada do dia 11, quando num treino de caratê Guilherme deu uma gravata em Cláudio Benedito da Silva, deixando-o inconsciente, o companheiro de cela José Amaro dos Santos se ofereceu, se fosse preciso, para assumir toda a culpa.

O Boletim de Atendimento Médico do preso Cláudio Benedito confirma parcialmente a versão de Wellington. O laudo assinado pela médica Dirce Maria Coelho, do Hospital Lourenço Jorge, para onde Cláudio foi levado, diz que Cláudio chegou em semicoma, desmaiado em decorrência de esforço após exercício físico. No boletim não há referência à versão inicial dos presos, de uma crise de asma.

Namorado _ Wellington lembrou que Sérgio Ferreira da Costa, o Caxias, era o ´´namorado“ de Guilherme: ´´Eu os vi tendo relações sexuais“. Wellington disse ainda que Guilherme dormia sempre junto de Sérgio, José Amaro, Cláudio Benedito e Luiz Cláudio da Silva.

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