MÚSICAS INESQUECÍVEIS

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O PERIGO DE UM CLICK


A internet é um universo cheio de ótimas possibilidades, mas também guarda os mesmos perigos dos becos escuros de uma cidade qualquer do mundo real. Os cuidados que os pais têm com os filhos na hora de ensiná-los a andar pelas ruas em segurança, e especialmente a evitar contato com estranhos, devem se repetir também no mundo virtual. E há motivos de sobra para os pais fazerem marcação cerrada enquanto os filhos estiverem navegando na rede mundial.
A organização norte-americana Enough is Enough (EIE - www.internetsafety101.org), que significa Basta!, tem estatísticas preocupantes. Uma em cada quatro garotas e um entre seis garotos serão abusados sexualmente antes da idade adulta. E 30% a 40% destes crimes serão cometidos por parentes ou pessoas próximas das vítimas. Embora a maioria destes casos não passe pelo mundo virtual, o crime de pedofilia é estimulado pelo conteúdo de pornografia infantil existente na internet.
"O problema é que muitos pais se sentem desarmados e desinformados diante dos perigos que rondam seus filhos na internet", disse Cris Clapp Logan, diretora de Comunicação da organização EIE. "Além disso, muitos acreditam que seus filhos estão imunes a este tipo de problema, quando dizem: 'Não meu filho. Eu tenho um filho muito bom'. E outros pensam que seus filhos são muito jovens para cair nestas armadilhas. Se os adultos não se envolverem nessa questão, suas crianças estarão em situação de risco", alerta.
Gangue
O caso de Carlos Eduardo Ishihira, 44, é sintomático. Por pouco seu filho se perdeu no mundo real graças aos contatos que fazia no mundo virtual. O jovem participava de uma comunidade no site de relacionamento Orkut, quando ainda se encontrava na pré-adolescência, e ali combinava encontros com amigos para marcar brigas e outras coisas igualmente desagradáveis.
"Ele participava de uma gangue", comenta o pai. "A coisa era brava mesmo. Faziam pactos com os que se denominavam de 'manos'. Não sei muito sobre como eles escolhiam as vítimas, mas creio que geralmente por atos banais, por causa de namoradas, briguinhas de escola etc", afirma Ishihira, que hoje vive no interior de São Paulo.
O caso ocorreu quando a família morava no Japão. "Minha esposa é quem começou a desconfiar que algo estava fora do lugar, pela pequena mudança no comportamento de nosso filho", explica Ishihira. Ela encontrou um cigarro na bolsa da escola do jovem e prensou-o contra a parede para que contasse a verdade.
"A princípio ele negou. Depois confessou que o cigarro era dele", afirma Ishihira. Daquela ponta de cigarro descobriu-se a gangue e, pior que isso, que o filho estava sendo ameaçado por um grupo rival. O acerto de contas seria feito em um evento da comunidade brasileira. "A trama toda foi descoberta por várias pessoas naquela ocasião e tudo acabou bem. Infelizmente tudo o que aconteceu era coisa de bandido mesmo", lamenta. É por isso que Ishihira vigia os filhos quando navegam na internet.
Disputa
Cris lembra que a EIE foi criada justamente para educar as pessoas para lidar com este e outros tipos de problemas que nascem ou passam pela internet. Segundo ela, o risco aumenta entre os adolescentes, quando estes criam novas identidades na internet para ganhar mais atenção e o reconhecimento de seus contatos online.
Esse fato é o que mais preocupa um pai. "Notei que existe entre eles (os jovens internautas) uma disputa não declarada para ver quem tem mais amigos nos sites de relacionamento, como o Orkut. E isso é perigoso, pois muitos acabam adicionando pessoas estranhas na lista de amigos", alerta Martin Mulfarth, 46, de Toki (Gifu), que tem 3 filhos, um de 17, uma de 14 e outro de 12 anos de idade. "Eu e minha esposa Beatriz conversamos muito com eles sobre isso", avisa.
Na casa da família Mulfarth há quatro computadores, um para o casal e outros para cada filho. Martin disse que a vigilância tem que ser constante. "Conto aquelas histórias de pessoas que se conheceram pela internet, marcam encontro e são vítimas de algum tipo de violência para alertá-los", revela.
A preocupação dos pais deve ser essa mesma, segundo Cris, do EIE. "Os adolescentes, pela sua natureza, pensam que estão invisíveis aos olhos dos demais internautas. Mas não entendem que estão correndo risco real ao conversarem com estranhos online ou postando fotos impróprias."
No site de compartilhamento de vídeos YouTube existem vários trabalhos sobre segurança na internet. Em um deles, feito na Espanha, uma moça aparece sendo abordada na rua e na escola por vários homens desconhecidos. Um chega a tocá-la e outros fazem comentários eróticos sobre ela, para seu próprio espanto. Isso porque ela publicou uma foto com roupas íntimas, acreditando que somente poucas pessoas iriam ver.
Para evitar que as crianças corram riscos na internet, Cris avisa que o diálogo e a atenção são chaves para uma vigilância efetiva. "Recomendamos também que as famílias usem programas que bloqueiam conteúdos impróprios e que existem em computadores, laptops, celulares e em aparelhos de games", afirma.
Outra organização norte-americana, a ikeepsafe.org, divulga na net um vídeo no qual transmite qual deve ser o comportamento dos pais quanto aos riscos existentes na internet. A história diz respeito a um casal que ensina a filha ainda pequena a evitar contato com estranhos nas ruas e, quando esta já pode dirigir um carro, ensinam que deve usar o cinto de segurança. Quando a filha já é adulta, a mãe pergunta: "Mas o que dizer a ela sobre a internet?". A própria mãe responde: "O mundo pode ter mudado, mas as lições a serem dadas continuam as mesmas."
IDENTIFIQUE OS SINAIS QUANDO HÁ

Contato com pornografia

Curiosidade incomum sobre sexo para a idade dos filhos

Sinal de atividade sexual prematura

Gastos inesperados no cartão de crédito

Aparecimento de e-mails impróprios

Aumento do desejo de se manter na defensiva ou algo em segredo

Contato com Maníacos sexuais

Mantém segredo sobre atividades online

Obsessão por ter contato online

Recebe ligações de pessoas que a família não conhece

Isolamento em relação à família e amigos

Mudança da tela do monitor ou desligamento do computador quando um adulto entra no quarto

Download de material pornográfico online

ESTATÍSTICAS ASSUSTADORAS

Maníacos sexuais

1 entre 7 crianças receberá algum tipo de solicitação sexual via online

56% das que recebem solicitação sexual online recebem também pedido para envio de fotos, sendo que 27% das imagens pedidas têm conotação sexual

44% dos solicitantes têm 18 anos

4% de todos os jovens internautas recebem pedidos sexuais de forma agressiva. Os maníacos desejam marcar encontro ou telefonam ou mandam e-mails, além de presentes às vítimas. Neste universo, 73% dos jovens internautas encontram o maníaco na vida real

Sites de relacionamento

72% dos adolescentes têm um perfil em redes de relacionamento

50% publicam suas idades reais, 62% postam suas próprias fotos, 41% citam onde vivem, 14% publicam seus celulares

Fonte: Enough is Enough

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